terça-feira, 27 de setembro de 2016

"Restaurante Paraíso". Fui, comi e...

Na visita a Lamego aconselharam-nos o Restaurante Paraíso. O pequeno Rafa já estava chato com a fome e depois de andar à briga com o GPS lá demos com o local. O restaurante fica na base de um prédio seguramente já com os seus 20 anos.



A sala tem uma mistura de algum mobiliário moderno com uma decoração rústica e a conjugação das duas coisas não é muito agradável. A sala, sem ter elementos velhos tem um aspecto antigo e pesado.




Fomos para uma mesa junto à janela e fizemos o nosso pedido.
Achei estranho uma das "especialidades da casa" (Cabrito Assado) já estar esgotada pouco depois das 12h30m. Decidimos então ir para os "pratos do dia". Escolhemos alheira, costeletas de porco grelhadas com arroz de feijão e uma sopa.
A sopa era muito boa. Vinha quente quanto baste, bem saborosa e bem temperada. Para sopa em restaurante achei mesmo muito bom.
Relativamente à alheira pouco há a dizer. Continua a parecer-me um crime servir alheira com batatas fritas, pois a melhor de a servir é com uma batata cozida, mas o típico em restaurantes é assim. Surpreendentemente não vinha mais nada no prato. Nem os habituais grelos, nem couve, nem salada... nada. Isso deixou-me algo surpreendido. A alheira era boa e como costumo dizer não há como fazer asneira em grelhar uma alheira.
No que diz respeito às costeletas, estavam saborosas se bem que ligeiramente grelhadas demais. Tiveram um pouco demais de tempo na grelha o que as deixou ligeiramente secas. No entanto, o arroz malandro de feijão era dos melhores que já comi. Bem confeccionado, com sal quanto-baste, com travo a tomate e com água e feijão na dose certa. Só o arroz valeu a ida ao restaurante.
Ainda comemos sobremesa. Eu comi uma mousse 3 sabores que estava bem feita, apesar de um pouco rija e seca na superfície (já devia estar no frigorifico há mais de um dia). Não me lembro do que a minha esposa escolheu.

Apesar da sala grande e com bastante gente a refeição foi calma e agradável. Não estava à espera de muito mais quando escolhi pratos do dia. Talvez esperasse que os pratos fossem mais equilibrados e trouxessem alguma salada, mas no geral a comida é razoável e honesta.
Do que realmente não gostei foi do serviço. Desde que entrei nunca tive a sensação de ser bem vindo (sim, é isso que eu quero quando entro num restaurante: sentir que sou bem vindo). Foram cordiais comigo, com a minha mulher e o meu filho, mas raramente simpáticos. Deu para ver que existe uma estrutura muito rígida no restaurante: o empregado A serve as mesas 1, 2 e 3, sendo que o empregado B serve as mesas 4, 5 e 6 e mais nada, mesmo que o colega necessite de ajuda. Esta rígidez não é agradável para o cliente, pois tal como aconteceu comigo que recebi a resposta "a minha colega já vai", os clientes ficam à espera quando há empregados livres. Ora no meu caso o "já vai" durou 10 minutos e perdi a paciencia e a vontade de tomar café. Levantei-me e fui pagar. Quando estava a pagar perguntaram-me se tinha gostado e referi o facto de ter estado mais de 10 minutos à espera para pedir um café (não reclamei, nem sequer fui indelicado ou mal educado). Se isto não bastasse ainda tive de ouvir com maus modos "eu estava ocupada e disse para esperar. Não consigo estar em todo o lado". Eu já não respondi mais pois não valia a pena...
Não perceberem que o cliente é o mais importante num restaurante é o calcanhar de aquiles de centenas e centenas de restaurantes. Se um cliente se queixa de ter estado 10 minutos (e não estou a exagerar no tempo) à espera de um café a única coisa que se deve fazer é PEDIR DESCULPA. Tudo o mais é estragar a relação restaurante-cliente. A maneira como me responderam faz-me não querer voltar lá e pior, faz-me não referenciar um espaço que até tem algum potencial em termos gastronómicos.



Nota: a comida é honesta e tem potencial para ser ainda melhor. Necessitam equilibrar um pouco melhor os pratos (mesmo os diários). Relativamente ao serviço, não gostei. Gosto de ser bem tratado e não fui. 
A nota vai ficar a meio de escala devido à comida no geral, mas sobretudo devido ao maravilhoso arroz de feijão. Isso e só isso os salva de uma nota negativa.





Deixo um conselho à gerência do restaurante: é preciso reverem a forma de trabalhar dos empregados. Um empregado estar a olhar e não ir atender um cliente porque "a mesa não é minha" é PREGUIÇA e FALTA DE COMPROMISSO. O cliente sai mal servido e não é isso que decerto querem. Para além disso é necessário ensinarem aos empregados que O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO e que não devem reclamar com estes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

"Restaurante Gato Preto". Fui, comi e...






O Restaurante Gato Preto no Peso da Régua foi um restaurante visitado durante as mais recentes mini-férias. A primeira coisa que me vem à cabeça quando penso no restaurante é honestidade. O serviço, o atendimento, o espaço, a comida, o preço é honesto e despretensioso. 

Fomos ao restaurante à hora de almoço. A sala é ampla, bem ilumindada e com decoração simples. As paredes a imitar os xistos da região dão um aspecto mais tradicional ao espaço.

O atendimento é muito bom. As pessoas muito atenciosas e preocupadas em bem receber. O nosso pequeno, quase com dois anos foi muito bem acolhido, tratado e acarinhado. O velho ditado diz "quem meus filhos beija minha boca adoça" e é bem verdade. O Rafa já estava com sono e a fazer traquinices, mas a paciência com a criança mostra que naquela casa se sabe receber bem.



Ao contrário do que acontece na maioria dos restaurantes, perguntaram-nos se queriamos umas entradas antes de as trazer para a mesa. Parece um pormenor, mas é destes pormenores que se fazem os bons restaurantes. 
Quem serve está atento e sem ser chato ou inconveniente lá foi perguntando se tudo estava do agrado assim como foi levantando a loiça excedente sem ser maçador, deixando sempre o espaço da mesa disponível para os clientes.

As entradas foram um cestinho de pão que estava um pouco duro demais (uma coisa que nos chamou à atenção na região foi a falta de pão de qualidade nos restaurantes), azeitonas (ainda bem, pois o nosso filho adora azeitonas) e um paté feito localmente. Simples e bom: nada a dizer.

A ementa não era muito extensa. No entanto houve várias hipóteses em cima da mesa.
Relativamente à ementa faz-me confusão ver no Peso da Régua ementas com francesinhas (não acontece apenas neste restaurante... na região do Douro vi muitos restaurantes com francesinhas nas suas ementas). Eu percebo que a ideia deve ser vender aos turistas estrangeiros que invadem a Régua, mas na minha opinião deviam focar-se na cozinha tradicional da região.

Para prato principal pedimos Bacalhau à Narcisa e Lombinhos de porco com pasta de azeitona e broa. O bacalhau estava muito bem feito. Tinha uma cor laranja muito bonito, estava bem frito e com uma cebolada sem gordura a mais. Era acompanhado com a tradicional batata frita e com salada. Mais uma vez digo: era um prato honesto. Era aquilo que era: um bacalhau à Narcisa (ou à braga, como se diz aqui pelo Porto) bem feito e saboroso.

Relativamente à carne o prato era espectacular e surpreendente. Nunca tinha provado aquela combinação e era realmente muito boa. A carne de porco desfazia-se ao comer. O sabor da pasta não era exagerada e casava muito bem com a carne e acompanhamentos (batatas assadas, arroz simples e salada). Era um prato equilibrado, saboroso e muito bem confeccionado. 

Para sobremesa duas explosões de sabores surpreendentes e fabulosas: Crista de galo com gelado e Crumble de maçã também com gelado.



 A minha mulher estava receosa de pedir o crumble. Principalmente porque ela o faz muito bem e por norma os dos restaurantes ficam aquém do esperado. Ainda bem que neste caso era mesmo melhor que o dela. Saboroso, sem ser demasiado doce, crocante e com uma bela crosta da parte de cima. A combinação com o gelado gelado de baunilha cai sempre bem com um crumble de maçã e neste caso continuava a não ser mentira. 

A crista de galo era uma espécie de pastel de massa tenra recheado com ovos moles. Era muito bom. A massa estaladiça e os ovos moles doces QB. A minha maior surpresa foi a bela ligação disto tudo com a cremosidade e frescura do gelado. Valeu bem a pena experimentar a sobremesa mais cara da lista.

No final paguei um valor a rondar os 25€, o que achei razoável para um almoço de duas pessoas, com entradas e sobremesas.


Resumindo: honestidade e relação qualidade/preço excelente. Surpreendente nas sobremesas. Excelente no atendimento e atenção aos clientes. O restaurante não tem pretenção a ser mais do que aquilo que é e isso faz toda a diferença. Aposta no que sabe fazer e o que faz, faz bem. Quando voltar à Régua vai ser difícil não voltar lá. Irei certamente referenciar.

Nota:


 



"Taberna do Jéréré". Fui, comi e...



Na recente viagem com a família ao Douro fomos jantar à Régua, mais propriamente à Taberna do Jéréré. As referências do tripadvisor eram relativamente boas e decidimos arriscar. À entrada, a ementa parecia prometedora e a sala de decoração rustica fez-nos entrar sem hesitações. Mesmo sem reserva não houve problemas em arranjar mesa.
O serviço é atencioso, se bem que um pouco atabalhoado. Há gente a mais a vaguear e a fazer barulho pela sala. Ouvem-se demasiadas ordens no ar e a inquietação constante do pessoal não torna a experiência calma e agradável.

Depois de nos sentarmos serviram-nos umas entradas que nos souberam muito bem, pois a fome já era alguma: pão, azeite, azeitonas e bola caseira. A bola era boa e as azeitonas também, mas o pão não era fresco. Eu sei que era de noite, mas num restaurante gosto sempre de comer pão fresco.



Pedimos Misto de Porco grelhado com migas de broa e Bacalhau à Jéréré. Houve um problema com o nosso pedido: o nosso Rafa estava a acabar de comer a sopa quando nos vieram confirmar o nosso pedido. Foi-nos dito que o pedido não tinha sido esquecido e que já tinha entrado na cozinha, só que não estava apontado no caderno... A verdade é que a demora foi muito grande, dando a entender que o pedido tinha sido mesmo esquecido.
A comida finalmente chegou e o aspecto era muito bom.
No que diz respeito à carne a dose era muito grande, até exagerada e estava à espera de uma diversidade maior de cortes diferentes de porco. Trazia dois nacos de lombo e duas peças de mimos de porco. Toda a carne estava muito bem grelhada. A carne era muito boa e a confecção no ponto. Acompanhava umas migas de broa, batatas marcadas na grelha e uns legumes salteados. Os acompanhamentos, no geral, eram bons isoladamente, mas no conjunto com a carne não satisfaziam completamente. O problema é a quantidade enorme de gordura no prato. O porco só por si é uma carne gorda (ainda para mais os secretos) e tudo o resto no prato tinha gordura. Faltava frescura e acidez ao prato o que o tornava pesado, gorduroso, monótono e enjoativo. A carne (qualidade e confecção exemplar) salvam o prato, mas falta o resto.

Relativamente ao Bacalhau à Jéréré posso dizer que só a apresentação se safou. A mistura em camadas de puré, bacalhau, cogumelos, camarões e delícias do mar é infeliz e é uma confusão total de texturas e sabores. Ao provar o "Bacalhau à Jéréré" a última coisa que me lembrei foi de bacalhau e esse é sem sombra de dúvida o maior problema do prato. Cada colherada só me soube a delícias do mar (muito mais abundantes que o bacalhau) e a pouco mais. Os cogumelos nada acrescentam ao prato, antes pelo contrário. Este prato prova que a velha máxima de quanto mais simples melhor é tão verdadeira na cozinha como em qualquer outra coisa na vida.


Para sobremesa partilhamos uma boa fatia de bolo de bolacha que não sendo o melhor que já comemos na vida também está longe dos piores.


O preço para duas pessoas foi a rondar os 32.5€ o que me me parece um pouco exagerado para quem não bebeu vinho e comeu apenas uma sobremesa. Se a comida fosse melhor o preço seria razoável.

No geral, a experiência é boa. A sala é agradável, as pessoas são atenciosas e simpáticas e a comida é razoável. Necessitam melhorar o serviço para que a experiência dos clientes seja mais calma. Um melhoramento dos pratos e do seu equilibrio tornará a experiência muito melhor. Relativamente ao prato de bacalhau da casa, a minha opinião é que deve ser repensado de raiz.
Fiquei com a sensação de que se talvez tivessemos escolhido outros pratos a opinião poderia ser diferente, por isso é provável que volte para experimentar outras coisas. Quem sabe grelhar carne de porco na perfeição de certeza que consegue fazer outras coisas boas.

Nota: vai ficar um bocadinho acima do meio da tabela, principalmente devido à carne, mas também devido ao ambiente.