terça-feira, 27 de setembro de 2016

"Restaurante Paraíso". Fui, comi e...

Na visita a Lamego aconselharam-nos o Restaurante Paraíso. O pequeno Rafa já estava chato com a fome e depois de andar à briga com o GPS lá demos com o local. O restaurante fica na base de um prédio seguramente já com os seus 20 anos.



A sala tem uma mistura de algum mobiliário moderno com uma decoração rústica e a conjugação das duas coisas não é muito agradável. A sala, sem ter elementos velhos tem um aspecto antigo e pesado.




Fomos para uma mesa junto à janela e fizemos o nosso pedido.
Achei estranho uma das "especialidades da casa" (Cabrito Assado) já estar esgotada pouco depois das 12h30m. Decidimos então ir para os "pratos do dia". Escolhemos alheira, costeletas de porco grelhadas com arroz de feijão e uma sopa.
A sopa era muito boa. Vinha quente quanto baste, bem saborosa e bem temperada. Para sopa em restaurante achei mesmo muito bom.
Relativamente à alheira pouco há a dizer. Continua a parecer-me um crime servir alheira com batatas fritas, pois a melhor de a servir é com uma batata cozida, mas o típico em restaurantes é assim. Surpreendentemente não vinha mais nada no prato. Nem os habituais grelos, nem couve, nem salada... nada. Isso deixou-me algo surpreendido. A alheira era boa e como costumo dizer não há como fazer asneira em grelhar uma alheira.
No que diz respeito às costeletas, estavam saborosas se bem que ligeiramente grelhadas demais. Tiveram um pouco demais de tempo na grelha o que as deixou ligeiramente secas. No entanto, o arroz malandro de feijão era dos melhores que já comi. Bem confeccionado, com sal quanto-baste, com travo a tomate e com água e feijão na dose certa. Só o arroz valeu a ida ao restaurante.
Ainda comemos sobremesa. Eu comi uma mousse 3 sabores que estava bem feita, apesar de um pouco rija e seca na superfície (já devia estar no frigorifico há mais de um dia). Não me lembro do que a minha esposa escolheu.

Apesar da sala grande e com bastante gente a refeição foi calma e agradável. Não estava à espera de muito mais quando escolhi pratos do dia. Talvez esperasse que os pratos fossem mais equilibrados e trouxessem alguma salada, mas no geral a comida é razoável e honesta.
Do que realmente não gostei foi do serviço. Desde que entrei nunca tive a sensação de ser bem vindo (sim, é isso que eu quero quando entro num restaurante: sentir que sou bem vindo). Foram cordiais comigo, com a minha mulher e o meu filho, mas raramente simpáticos. Deu para ver que existe uma estrutura muito rígida no restaurante: o empregado A serve as mesas 1, 2 e 3, sendo que o empregado B serve as mesas 4, 5 e 6 e mais nada, mesmo que o colega necessite de ajuda. Esta rígidez não é agradável para o cliente, pois tal como aconteceu comigo que recebi a resposta "a minha colega já vai", os clientes ficam à espera quando há empregados livres. Ora no meu caso o "já vai" durou 10 minutos e perdi a paciencia e a vontade de tomar café. Levantei-me e fui pagar. Quando estava a pagar perguntaram-me se tinha gostado e referi o facto de ter estado mais de 10 minutos à espera para pedir um café (não reclamei, nem sequer fui indelicado ou mal educado). Se isto não bastasse ainda tive de ouvir com maus modos "eu estava ocupada e disse para esperar. Não consigo estar em todo o lado". Eu já não respondi mais pois não valia a pena...
Não perceberem que o cliente é o mais importante num restaurante é o calcanhar de aquiles de centenas e centenas de restaurantes. Se um cliente se queixa de ter estado 10 minutos (e não estou a exagerar no tempo) à espera de um café a única coisa que se deve fazer é PEDIR DESCULPA. Tudo o mais é estragar a relação restaurante-cliente. A maneira como me responderam faz-me não querer voltar lá e pior, faz-me não referenciar um espaço que até tem algum potencial em termos gastronómicos.



Nota: a comida é honesta e tem potencial para ser ainda melhor. Necessitam equilibrar um pouco melhor os pratos (mesmo os diários). Relativamente ao serviço, não gostei. Gosto de ser bem tratado e não fui. 
A nota vai ficar a meio de escala devido à comida no geral, mas sobretudo devido ao maravilhoso arroz de feijão. Isso e só isso os salva de uma nota negativa.





Deixo um conselho à gerência do restaurante: é preciso reverem a forma de trabalhar dos empregados. Um empregado estar a olhar e não ir atender um cliente porque "a mesa não é minha" é PREGUIÇA e FALTA DE COMPROMISSO. O cliente sai mal servido e não é isso que decerto querem. Para além disso é necessário ensinarem aos empregados que O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO e que não devem reclamar com estes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

"Restaurante Gato Preto". Fui, comi e...






O Restaurante Gato Preto no Peso da Régua foi um restaurante visitado durante as mais recentes mini-férias. A primeira coisa que me vem à cabeça quando penso no restaurante é honestidade. O serviço, o atendimento, o espaço, a comida, o preço é honesto e despretensioso. 

Fomos ao restaurante à hora de almoço. A sala é ampla, bem ilumindada e com decoração simples. As paredes a imitar os xistos da região dão um aspecto mais tradicional ao espaço.

O atendimento é muito bom. As pessoas muito atenciosas e preocupadas em bem receber. O nosso pequeno, quase com dois anos foi muito bem acolhido, tratado e acarinhado. O velho ditado diz "quem meus filhos beija minha boca adoça" e é bem verdade. O Rafa já estava com sono e a fazer traquinices, mas a paciência com a criança mostra que naquela casa se sabe receber bem.



Ao contrário do que acontece na maioria dos restaurantes, perguntaram-nos se queriamos umas entradas antes de as trazer para a mesa. Parece um pormenor, mas é destes pormenores que se fazem os bons restaurantes. 
Quem serve está atento e sem ser chato ou inconveniente lá foi perguntando se tudo estava do agrado assim como foi levantando a loiça excedente sem ser maçador, deixando sempre o espaço da mesa disponível para os clientes.

As entradas foram um cestinho de pão que estava um pouco duro demais (uma coisa que nos chamou à atenção na região foi a falta de pão de qualidade nos restaurantes), azeitonas (ainda bem, pois o nosso filho adora azeitonas) e um paté feito localmente. Simples e bom: nada a dizer.

A ementa não era muito extensa. No entanto houve várias hipóteses em cima da mesa.
Relativamente à ementa faz-me confusão ver no Peso da Régua ementas com francesinhas (não acontece apenas neste restaurante... na região do Douro vi muitos restaurantes com francesinhas nas suas ementas). Eu percebo que a ideia deve ser vender aos turistas estrangeiros que invadem a Régua, mas na minha opinião deviam focar-se na cozinha tradicional da região.

Para prato principal pedimos Bacalhau à Narcisa e Lombinhos de porco com pasta de azeitona e broa. O bacalhau estava muito bem feito. Tinha uma cor laranja muito bonito, estava bem frito e com uma cebolada sem gordura a mais. Era acompanhado com a tradicional batata frita e com salada. Mais uma vez digo: era um prato honesto. Era aquilo que era: um bacalhau à Narcisa (ou à braga, como se diz aqui pelo Porto) bem feito e saboroso.

Relativamente à carne o prato era espectacular e surpreendente. Nunca tinha provado aquela combinação e era realmente muito boa. A carne de porco desfazia-se ao comer. O sabor da pasta não era exagerada e casava muito bem com a carne e acompanhamentos (batatas assadas, arroz simples e salada). Era um prato equilibrado, saboroso e muito bem confeccionado. 

Para sobremesa duas explosões de sabores surpreendentes e fabulosas: Crista de galo com gelado e Crumble de maçã também com gelado.



 A minha mulher estava receosa de pedir o crumble. Principalmente porque ela o faz muito bem e por norma os dos restaurantes ficam aquém do esperado. Ainda bem que neste caso era mesmo melhor que o dela. Saboroso, sem ser demasiado doce, crocante e com uma bela crosta da parte de cima. A combinação com o gelado gelado de baunilha cai sempre bem com um crumble de maçã e neste caso continuava a não ser mentira. 

A crista de galo era uma espécie de pastel de massa tenra recheado com ovos moles. Era muito bom. A massa estaladiça e os ovos moles doces QB. A minha maior surpresa foi a bela ligação disto tudo com a cremosidade e frescura do gelado. Valeu bem a pena experimentar a sobremesa mais cara da lista.

No final paguei um valor a rondar os 25€, o que achei razoável para um almoço de duas pessoas, com entradas e sobremesas.


Resumindo: honestidade e relação qualidade/preço excelente. Surpreendente nas sobremesas. Excelente no atendimento e atenção aos clientes. O restaurante não tem pretenção a ser mais do que aquilo que é e isso faz toda a diferença. Aposta no que sabe fazer e o que faz, faz bem. Quando voltar à Régua vai ser difícil não voltar lá. Irei certamente referenciar.

Nota:


 



"Taberna do Jéréré". Fui, comi e...



Na recente viagem com a família ao Douro fomos jantar à Régua, mais propriamente à Taberna do Jéréré. As referências do tripadvisor eram relativamente boas e decidimos arriscar. À entrada, a ementa parecia prometedora e a sala de decoração rustica fez-nos entrar sem hesitações. Mesmo sem reserva não houve problemas em arranjar mesa.
O serviço é atencioso, se bem que um pouco atabalhoado. Há gente a mais a vaguear e a fazer barulho pela sala. Ouvem-se demasiadas ordens no ar e a inquietação constante do pessoal não torna a experiência calma e agradável.

Depois de nos sentarmos serviram-nos umas entradas que nos souberam muito bem, pois a fome já era alguma: pão, azeite, azeitonas e bola caseira. A bola era boa e as azeitonas também, mas o pão não era fresco. Eu sei que era de noite, mas num restaurante gosto sempre de comer pão fresco.



Pedimos Misto de Porco grelhado com migas de broa e Bacalhau à Jéréré. Houve um problema com o nosso pedido: o nosso Rafa estava a acabar de comer a sopa quando nos vieram confirmar o nosso pedido. Foi-nos dito que o pedido não tinha sido esquecido e que já tinha entrado na cozinha, só que não estava apontado no caderno... A verdade é que a demora foi muito grande, dando a entender que o pedido tinha sido mesmo esquecido.
A comida finalmente chegou e o aspecto era muito bom.
No que diz respeito à carne a dose era muito grande, até exagerada e estava à espera de uma diversidade maior de cortes diferentes de porco. Trazia dois nacos de lombo e duas peças de mimos de porco. Toda a carne estava muito bem grelhada. A carne era muito boa e a confecção no ponto. Acompanhava umas migas de broa, batatas marcadas na grelha e uns legumes salteados. Os acompanhamentos, no geral, eram bons isoladamente, mas no conjunto com a carne não satisfaziam completamente. O problema é a quantidade enorme de gordura no prato. O porco só por si é uma carne gorda (ainda para mais os secretos) e tudo o resto no prato tinha gordura. Faltava frescura e acidez ao prato o que o tornava pesado, gorduroso, monótono e enjoativo. A carne (qualidade e confecção exemplar) salvam o prato, mas falta o resto.

Relativamente ao Bacalhau à Jéréré posso dizer que só a apresentação se safou. A mistura em camadas de puré, bacalhau, cogumelos, camarões e delícias do mar é infeliz e é uma confusão total de texturas e sabores. Ao provar o "Bacalhau à Jéréré" a última coisa que me lembrei foi de bacalhau e esse é sem sombra de dúvida o maior problema do prato. Cada colherada só me soube a delícias do mar (muito mais abundantes que o bacalhau) e a pouco mais. Os cogumelos nada acrescentam ao prato, antes pelo contrário. Este prato prova que a velha máxima de quanto mais simples melhor é tão verdadeira na cozinha como em qualquer outra coisa na vida.


Para sobremesa partilhamos uma boa fatia de bolo de bolacha que não sendo o melhor que já comemos na vida também está longe dos piores.


O preço para duas pessoas foi a rondar os 32.5€ o que me me parece um pouco exagerado para quem não bebeu vinho e comeu apenas uma sobremesa. Se a comida fosse melhor o preço seria razoável.

No geral, a experiência é boa. A sala é agradável, as pessoas são atenciosas e simpáticas e a comida é razoável. Necessitam melhorar o serviço para que a experiência dos clientes seja mais calma. Um melhoramento dos pratos e do seu equilibrio tornará a experiência muito melhor. Relativamente ao prato de bacalhau da casa, a minha opinião é que deve ser repensado de raiz.
Fiquei com a sensação de que se talvez tivessemos escolhido outros pratos a opinião poderia ser diferente, por isso é provável que volte para experimentar outras coisas. Quem sabe grelhar carne de porco na perfeição de certeza que consegue fazer outras coisas boas.

Nota: vai ficar um bocadinho acima do meio da tabela, principalmente devido à carne, mas também devido ao ambiente.








terça-feira, 9 de junho de 2015

"Restaurante Caravela". Fui, comi e...


http://www.nescapadinhas.com/restaurante/vila-do-conde/caravela/2566/


O Caravela é daqueles locais que é apenas para quem conhece... Muito provavelmente não vem nos roteiros turísticos e nunca será o restaurante mais badalado do grande Porto (nem o tenta ser). A sala é pequena e, apesar das enormes janelas de ponta à outra da sala até um pouco sombria. A decoração é peculiar ligada a 100% ao mar. Nas paredes fotos de bacalhoeiros e de pesca do "fiel amigo", mas a verdadeira pérola está no tecto da sala. Aí encontramos os restos de um velho barco de madeira que andou no mar antes de ser abatido. Tudo isto nos aponta para o tipo de restaurante que ali temos. O restaurante é, ou foi porque agora são as filhas que lá estão, de um antigo pescador que esteve embarcado várias vezes na pesca do bacalhau. Claro que com isto tudo, o forte teria de ser o peixe e os petiscos...

Já lá fui várias vezes, a última delas no Dia da Mãe deste ano, com a minha mulher, o meu filho e o resto da família. O atendimento é extremamente simpático e cada cliente é tratado com igual devoção, atenção, cuidado e carinho. Mesmo que inocentemente aquela gente sabe que para manter a porta aberta o mais importante é manter o cliente feliz e isso não passa apenas pela comida.
Não há como ir ao Caravela e não comer uma chora (ou meia para poder comer mais qualquer coisa). O  sabor desta sopa de peixe que tem origem nos bacalhoeiros e que se fazia com caras frescas de bacalhau é simplesmente único. Para além das caras de bacalhau, a sopa inclui também raia, tomate e pimentos frescos. O sabor a sal e picante quanto-baste misturado com a frescura dos pimentos e o doce dos tomates é a todos os níveis divinal. É sem sombra de dúvidas, a melhor sopa de peixe que alguma vez provei.

Há outro prato que para mim é sempre difícil fugir: lulas fritas com tomate. São deliciosas e há pouco mais a dizer. As lulas são fritas inteiras, levemente panadas (nunca percebi muito bem como fazem aquilo) e ficam estaladiças por fora e suculentas por dentro. Para mais, os tentáculos ficam super crocantes e saborosos, apetecendo ficar ali eternamente a mordiscar daquilo. Acompanha com um maravilhoso molho de tomate que se junta muito bem à fritura e que casa na perfeição com o arroz branco que acompanha a proteína.

Além destes pratos que me parecem OBRIGATÓRIOS para quem se senta no Caravela pela primeira vez há ainda um maravilhoso arroz de marisco (não sei se alguma vez comi melhor em restaurantes), arroz de polvo também muito bom, assim como peixe na grelha ou marisco. Sei que também tem carne, mas na minha opinião, com aquela qualidade de peixe e marisco e a maravilhosa confecção que lhe fazem pedir carne é um ultraje se não burrice!

Eu costumo acompanhar quase sempre a refeição por cerveja. Não é que não haja vinho, mas eles têm umas canecas grossas que estão na arca e que deixam a cerveja gelada durante imenso tempo... Nunca consigo resistir.

Para acabar tem sobremesas variadas, tartes, gelados e maçã assada há sempre. Qualquer uma das sobremesas é boa, mas a minha preferida é a tarte de limão merengada! O preço não é propriamente baixo, mas considerando que é produto do mais fresco possível (desde o peixe aos legumes) é um preço bastante razoável. 


O Caravela é um restaurante familiar onde podemos levar a família e os amigos. Não é muito grande, portanto para grupos grandes é melhor ligar para reservar. É obrigatório para quem gosta de peixe e quer fugir um pouco a Matosinhos e Angeiras. 

Nota: é impossível não dar uma grande nota ao Caravela.




quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Gull". Fui, comi e...


Antes de mais dizer que eu não sou apaixonado por sushi. As experiências que tive com peixe cru com arroz não foram as melhores, por isso quando soube que o almoço com o pessoal do escritório seria no GULL fiquei um bocado de pé atrás... Não me quis armar em cortes e fui na mesma admirar aquela vista maravilhosa.

O pessoal quis ficar na esplanada, o que para mim não fez muito sentido pois estava um sol abrasador. Logo ali fiquei surpreendido por numa explanada daquelas não haver uma única forma de proteger os clientes do sol. Fiquei agradavelmente surpreendido por haver menu de sushi e menu alternativo! Acabei por escolher o alternativo (alheira com gema de ovo) com camarões crocantes de entrada e limonada para acompanhar. 

As bebidas foram servidas a um ritmo lento e lá ficamos à espera uns bons 20 minutos pelas entradas... Valeu a pena, os camarões crocantes estavam absolutamente espectaculares. Saborosos, cozinhados na perfeição e o molho agridoce que os acompanha combinava na perfeição. Podia ficar a tarde toda a comer daquilo, mas acabaram rápido (não me interpretem mal, a dose é a ideal).

E veio nova espera... desta vez desesperante! Eu sei que a mesa tinha 12 pessoas, mas não é concebível que se espere quase meia hora depois das entradas para comer. Pior que isso foi ver uma mesa ao nosso lado que tinha chegado bem depois de nós ser servida primeiro. Quando vi isso o meu nível de satisfação desceu logo para níveis críticos, de onde para sair seria necessário a comida ser mesmo muito boa... A verdade é que não o era... Era apenas razoável!

Quando recebi o prato a minha primeira reacção foi "mas que porra é esta?". Sinceramente, e não fui o único a achar isso, o que aquilo parecia era um poio dentro de um prato (desculpem-me leitores ser tão directo, mas era mesmo o que parecia)
A alheira vinha servida num prato redondo por cima de um amontoado de grelos que estavam com pouco sabor. A alheira, que não era das melhores que já comi (nem lá perto), tinha sido enformada numa forma circular e estava tostadinha nos topos (e isso era bom). Por cima da alheira uma gema de ovo perfeita, que com o seu sabor e cremosidade se conjugava na perfeição com a alheira. Em cima disto tudo um emaranhado de uns fios vermelhos que não percebi o que era. Perguntei e disseram-me que era "pimenta da china". A verdade é que não faziam ali nada, pois não sabiam absolutamente a coisa nenhuma. Ainda fiz o teste com várias pessoas e todos disseram o mesmo: "não sabe a nada". Ora, se não sabe a nada, o que é que está a fazer no prato? A reposta é simples: COISA NENHUMA!
Ainda encontrei 3 pedras de sal no prato que não abona em nada para a minha satisfação. 
A acompanhar a alheira vinha uma tacinha de batatas fritas que nunca restaurante algum deveria servir... As batatas não eram as ideais para fritar, estavam moles, castanhas e super oleosas!

De referir que a limonada que bebi era mesmo muito boa. Sabia muito a limão e tinha um travo a eucalipto (não sei o que usaram, mas tinha). Tiveram o cuidado de perguntar se queria com ou sem açúcar o que deixa qualquer amante de limonadas contente, pois beber xarope de limão não me agrada muito.


Alguns de vós estão a pensar: "Foi a um restaurante de sushi comer alheira e queixa-se...". Sim queixo, porque, seja ou não o tema do restaurante, se está na ementa TEM DE SER BOM. O principal problema deste prato de alheira é a sua gourmetização, ou seja, a tentativa de o deixar gourmet! 
O problema é que esta gourmetização foi feita apenas com base num estilo de empratamente que não funciona para o prato em questão. Valia mais apostar num bom produto (uma alheira de melhor qualidade) com uma apresentação mais clara e tradicional que tudo seria bem melhor! 
O bom da crosta crocante na alheira e da gema de ovo (que é absolutamente genial não ter a clara do ovo) fica completamente esquecido no emaranhado de fios vermelhos, da péssima apresentação, das pedras de sal e das más batatas.

Mas o pior de tudo foi o serviço... Lento, mas lento... não me lembro de alguma vez ter esperado tanto por comida! Ver mesas que chegaram depois serem servidas antes não ajuda nada... No final, ao pagar queixei-me desta situação e ainda tiveram a lata de me dizer que a mesa tinha dois pratos do dia... Ora meus amigos, "pratos do dia" normalmente quer dizer VELOCIDADE e não estamos a falar de uma coisa mega difícil de fazer, estamos a falar de duas ALHEIRAS que apenas têm de ser colocadas na chapa... Independentemente disso, é INADMISSÍVEL, seja em que restaurante for, um cliente que chega depois ser servido primeiro. Isso é FALTA DE RESPEITO pelos clientes. Uma cozinha num restaurante tem de funcionar como uma FIFO (First In First Out, para quem não conhece o termo). Para além disso, se o cliente reclama por causa de uma situação destas única coisa que deve ouvir é "Pedimos desculpa pelo sucedido, iremos fazer tudo para melhorar e para que não volte a acontecer". Tentar dar explicações esfarrapadas só piora a coisa.

Para quem comeu uma alheira (que nem estava espectacularmente boa) e bebeu uma limonada pagar 18€ é um bocado puxado... Eu sei que dividimos entre todos e que houve pessoal a beber vinho, mas achei carote.


Resumindo, a vista fantástica não pode ser desculpa para gourmetização sem sentido e preços altos. A entrada de camarões crocantes era excelente, mas o prato decepcionante. O sushi tinha bastante bom aspecto e deixou-me com vontade de lá ir para o experimentar. O serviço deixou muito, mas muito a desejar... Querer ser um espaço de topo não pode passar apenas por uma vista e sala bonita e por comida pseudo-bonita, mas tem de passar essencialmente por comida de alta qualidade e serviço de primeira e isso meus amigos, a minha experiência não teve.

Nota: acho que estou a ser generoso por ficarem a meio da escala. Espero sinceramente lá ir provar o sushi e poder alterar a minha opinião.



terça-feira, 14 de abril de 2015

"Los Ibéricos". Fui, comi e...



Eu tive duas experiências em "Los Ibéricos". A primeira foi muito boa, a segunda foi horrível e saí de lá a dizer que nunca mais lá voltaria...
Vou começar a explicar o que aconteceu na segunda visita, mas antes disso dizer que voltei lá porque tinha efectivamente gostado da comida e inclusivamente tinha sugerido o restaurante a várias pessoas. 
Era um sábado de Novembro e estava uma noite chuvosa e ventosa. A minha mulher estava gravidíssima (8 meses) e combinamos ir com os meus sogros jantar fora. Escolhemos "Los Ibéricos" pois já todos tínhamos lá ido e tínhamos gostado. Despacha-mo-nos mais cedo que os meus sogros e chegamos às 19h30 ao restaurante. Entramos e estavam ali nas mesas da entrada todos os empregados a comer. Disseram-nos que abriam apenas às 20h00m e que tinhamos de esperar. Saímos e ainda perguntamos um ao outro se esperavamos ou se íamos a outro sitio. "Já que combinámos aqui com os teus pais, esperamos por eles". E esperámos... Não quisemos saber do mau tempo e fomos dar uma voltinha a pé. Entretanto, já perto das 20h00 chegaram os meus sogros e ficamos na conversa até ser hora de entrar. À hora de abertura lá fomos nós...
Entrei com a minha mulher e os meus sogros atrás de mim e disse: "É uma mesa para quatro". Responderam-me de imediato: "Tem reserva?". Respondi: "Não!". "Então não os podemos atender..."
Explodi e só me lembro de dizer: "Você deve estar a gozar comigo?" peguei na mão da minha mulher e disse "vamos embora antes que me chateie". Ela ficou para trás com os pais a explicar ao empregado (que não tinha percebido o porquê da minha explosão) que é uma falta de respeito e consideração pelo cliente fazê-lo esperar meia hora para depois lhe dizer que não o pode atender. Bastava terem perguntado da primeira vez que lá entrei nesse dia (19h30m) se tinha reserva e tudo se teria resolvido sem nenhum problema. 




A minha primeira visita a "Los Ibéricos" foi bem mais pacífica e, atrevo-me a dizer que foi uma grande experiência gastronómica. Foi-nos sugerido por um casal amigo e fomos lá os quatro jantar num sábado à noite e sem reserva. Escolhemos tapas diversas para partilhar:
      - Pintxos de frango c/ geleia de pimentos vermelhos 
      - Folhados de Alheira com sweet chilli
      - Cogumelos Frescos Al Ajillo
      - Ovos Rotos com presunto
      - Pimentos padron
      - Calamares

As espetadas de frango (pintxos) eram boas, mas a geleia de pimentos tornava o prato simplesmente delicioso. O prato vale como um todo, pois os dois elementos casam mesmo muito bem. Tem o crocante do frango em conjugação com o doce, avinagrado e salgado da geleia. É super saboroso e a tapa perfeita para partilhar com amigos.

A combinação dos folhados de alheira com o molho doce e picante é igualmente vencedora. O molho é picante, mas não o suficiente para fazer esquecer o resto dos sabores. Faz com que a gordura da allheira e da massa folhada não sobressaia, tornando o folhado até algo leve e deveras apetitoso. Talvez falte a este prato um pouco mais de frescura.

Os cogumelos eram fresquíssimos e isso nota-se quando se comem. Estavam bastante bem feitos, com sal quanto baste para estarem saborosos sem estarem salgados. A meu ver tiham gordura a mais, mas foi dos melhores que alguma vez comi em restaurantes.

Os Ovos Rotos com presunto foi o prato que mais me surpreendeu. Estamos a falar simplesmente de ovos estrelados com batatas fritas e presunto, que,  só por si já parece delicioso e faz qualquer  amante de comida salivar, mas o que realmente me surpreendeu foi a qualidade da confecção. Estava perfeito... Tudo perfeito, desde as batatas aos ovos. Batatas estaladiças e muito bem fritas; ovos perfeitos e bem temperados; e presunto quanto baste para acompanhar. A gema de ovo une todos os elementos fazendo com que cada garfada seja deliciosa. No final apeteceu-me pedir outra dose para continuar o festim...

Os pimentos padron e os calamares eram bastante bons e bem feitos. Os padron estavam bem feitos e bem temperados e dos calamares estaladiços e saborosos. Não eram extraordinários, mas eram bons.

Acompanhamos tudo com uma boa sangria, da qual também não fiquei propriamente fã. Já bebi bem melhor, mas estava fresca e soube bem.

No final experimentamos algumas sobremesas:
      - Tarte de Maçã com Bola de Gelado
      - Tarte de queijo com marmelada

Encaixam muito bem na ementa e no tipo de pessoas que vão comer tapas. Não eram demasiado doces, mas muito saborosas e estavam muito bem feitas.

O preço encaixa nos preços dos restaurantes deste género, ou seja, não é barato! Para duas pessoas se pedem 3 ou 4 tapas e logo ficam ali 20 a 25 euros. Se juntarmos vinho e sobremesas fácilmente se passam os 40€ para duas pessoas.


Para mim a experiência num restaurante é muito mais que comida... Tem a ver com tudo, desde a arrumação, limpeza, ambiente, comida, atendimento... TUDO! Se da primeira vez que visitei este restaurante fiquei impressionado da segunda fiquei muito, mas muito desiludido! O cliente tem de ser tratado com respeito, seja ele quem for e eu, naquela noite de Novembro, senti que eu, a minha mulher, o meu filho fomos desrespeitados. Será difícil voltar a "Los Ibéricos". No entanto, continuo a referenciar o espaço para quem quer comer boas tapas!

Obviamente a nota que dou tem em conta das minhas duas experiências no local e não pode ser muito boa. Vai ficar no limbo da meia escala, simplesmente porque a comida é deliciosa. Espero sinceramente que a situação que ocorreu comigo não aconteça com mais ninguém!

Nota:





quarta-feira, 8 de abril de 2015

"Casa Guedes". Fui, comi e...


Quem vai comer ao Guedes sabe ao que vai... Ninguém está à espera de ir ali comer uma comida requintada nem de ver prémios gastronómicos ou alguma espécie de estrela de pneus... O Guedes é uma tasca e não tem pretensões a ser nada mais do que isso! Uma tasca com a melhor sandes de pernil que alguma vez comi na vida.
Na montra são nos mostrados os queijos e enchidos que poderemos apreciar e logo ali percebemos ao que vamos... 
Mal entramos sentimos o cheiro do pernil... e ali mesmo podemos assistir ao verdadeiro espectáculo que é cortar do mesmo. O homem por trás do balcão (o qual não sei o nome) faz cada sande com uma calma e mestria única, utilizando a quantidade certa de molho e carne para cada pão. Faz-se o pedido e espera-se, pois na Casa Guedes não há pressa para fazer uma sande... é preciso que ela saia sempre bem.

Enquanto se espera pode-se sempre experimentar um bolinho de bacalhau, sopa ou serrabulho. Tudo bem feito e de forma bem tradicional. Tudo bem saboroso e muito, muito generoso.

Não importa o tempo da espera... quando as sandes vêm para a nossa frente parece que tudo pára e nada mais importa. O pão semi-aquecido fica estaladiço por fora o que torna a primeira dentada simplesmente mágica. A carne, super tenra e saborosa faz as papilas gustativas darem saltos de alegria e o molho une toda aquela maravilhosa sande. Uma pede outra e o difícil é parar...

Para aguçar ainda mais os sentidos podemos experimentar uma sandes mista com queijo da serra ou com paio de porco preto (entre outras coisas, como tábuas mistas de queijos e enchidos, por exemplo). 
A sande com queijo da serra torna-se muito gordurosa e às vezes parece que o queijo se sobrepõe demasiado à carne (a generosidade no queijo é enorme). Uma vez fiz o seguinte comentário a um amigo: "acho que tem queijo da serra a mais", ao qual ele me respondeu: "isso é uma frase que não faz sentido". Ele tem razão, se alguém me põe um naco de queijo da serra com mais de 1 centímetro em cima de uma sande de pernil, não me posso queixar...
A sande com paio de porco preto é a minha preferida, pois o sabor e gordura do paio acasalam na perfeição com o pernil e fazem deste tipo de sande uma bomba de sabor.

Para acompanhar, um vinho verde de Baião ou um espadal são a melhor opção pois o seu sabor e intensidade ajudam a dissipar a gordura e a apreciar novamente aquele festim de sabores.


Não sei, nem sequer quero saber como se prepara aquela carne. Há coisas que têm de estar guardadas no segredo dos deuses, para que apenas as possamos saborear de vez em quando e para que quando isso aconteça seja um momento memorável.

Ir ao Guedes é obrigatório para todos os amantes de comida de qualidade, sem olhar a calorias nem a técnicas de confecção. Tudo ali é simples e delicioso... pura e simplesmente delicioso!

Dentro do género é dífícil encontrar melhor, por isso a nota é quase a máxima! A não perder!
Nota: